Os dogmas religiosos – repetidos à
exaustão pelos sacerdotes ao longo das eras – não se renovam, insistem na idéia
de punições eternas, criam castas de privilegiados, fazem das liturgias ensaiadas,
da fé cega e do fanatismo as maiores bandeiras do verdadeiro cristão. Ignoram
que Jesus disse ser o Evangelho a “pedra angular” de toda Escritura. Essa
grande observação, se levada com seriedade, conduzirá o homem a indagar: o que confere
aos textos apostólicos tamanha sublimidade, a ponto de um espírito iluminado (como Jesus) ter
sido escolhido para ensiná-lo?
A primeira de muitas
respostas:
A ferida de um doente não pode ser exposta,
outra vez, ao mesmo mal que lhe fez abrir, sob pena de aumentar a dor daquele
já sofre.
O
alcoólatra, na fuga do vício, recorre à terapia salutar e repete, como mantra,
a fuga do primeiro gole; o dependente químico segue o mesmo caminho e busca
vencer as sensações de vazio que lhe apontam, traiçoeiramente, o falso
calmante; por sua vez, o apostador, em ruínas, recorre à família para pagar as
dívidas e se isola dos ambientes de jogatina. Em todos os casos, há o pedido de
socorro pela mão amiga, porque se vê no próximo, a palavra caridosa, o abraço
amoroso e a companhia indispensável. A mente enferma, por instantes, esquece-se
do desespero, dá ao homem são o poder de consolá-la e de resgatar uma máxima inabalável:
“Em verdade eu vos digo que todas as vezes que
fizestes isso (a caridade) a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o
fizestes! (Jesus)”
A
segunda de muitas respostas:
Aflitas por ideologias
tirânicas, muitas pessoas sofrem como se a vida fosse fatalmente trágica. Há
uma disseminação do medo, do pecado, da culpa e da morte, esquecendo-se que o
Criador não destrói as suas criaturas, apenas, transforma-lhes a aparência,
assim como faz com todas as formas de vida da natureza. É chegado o momento de
a Humanidade sair deste inferno – não o lugar mítico, cuja existência
contrariaria a infinita bondade de Deus – mas, o estado de consciência; porque
o inferno, propriamente dito, é a nossa mente, que de tão maltratada,
aprisiona-nos em senzalas internas, no submundo dos pensamentos e impede que
vejamos “os lírios do campo e as aves do céu”, conforme pediu o Nosso Senhor.
Deus é saúde, prosperidade, amor incondicional, virtudes incontáveis... São os
homens que se fazem sofrer. Por que tanta culpa e judiação sobre a dádiva da
vida? Jesus aconselhou-nos: “Vinde a mim todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei (...) porque o meu jugo é suave e o meu
fardo é leve”.
A terceira de muitas
respostas:
O mestre, apenas,
ensina ao discípulo aquilo que, verdadeiramente, pode ser aprendido e
praticado; caso contrário, haveria perda de tempo, na prática de um exercício
inútil. No Sermão da Montanha, Jesus provocou estesia na multidão ao ditar a
mensagem de todos os tempos, exaltando as virtudes que conduzem aos Céus. “Bem-aventurados
os brandos, porque possuirão a Terra. Bem-aventurados os pacíficos, porque
serão chamados filhos de Deus.”
A quarta de muitas
respostas:
Ninguém
domará os vícios da língua, do corpo e da mente, a fim de iluminar a alma,
porque alguém lhe disse sobre a importância desses atos. Como bem ensinou
Jesus, “é preciso ter olhos de ver e ouvidos de ouvir”; não segundo o corpo,
que esbarra na dureza da matéria, mas conforme o espírito que se sensibiliza
perante as mensagens celestes. “Amai uns aos outros” é a lei régia da vida,
compromisso primeiro de toda criatura, porém a máxima tem sido relegada por
alegorias perversas para evolução moral, como o comércio da fé, a segregação
entre os homens e a censura ao direito inalienável de se chegar ao sagrado da
maneira que, pessoalmente, melhor tocar o coração. O Evangelho, antes de tudo,
é um serviço íntimo, de luta pelo autoconhecimento, que no ápice de sua forma,
nos permitirá ver o Cristo em cada semelhante. Não basta bradar falsas virtudes
e rezar em ambientes públicos. Jesus pediu: “mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a
tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê, em secreto, te
recompensará”. Seguindo a instrução, o Mestre completou: “orando, não useis de vãs repetições, como os gentios,
que pensam que por muito falarem serão ouvidos”.
A quinta de muitas
repostas, preenchida, desta vez, com duas perguntas:
Por que o número de templos religiosos se
multiplica, e as tragédias sociais acompanham o mesmo ritmo? Será que passados
2013 anos, realmente, compreendemos a mensagem de Jesus?
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