segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A busca humana pela real consciência

O exemplo de Gandhi
    Quando um homem, transtornado, aproximou-se do leito, onde Mahatma Gandhi fazia greve de fome, implorou pelo fim do jejum, sem imaginar a preciosidade que levaria consigo. Naquele exato momento, religiosos se destruíam numa guerra civil. A dor abalava a todos, e o discernimento cego pelo ódio era pura ilusão. A trégua, somente, ganhou ares de verdade graças ao amor que os rivais ainda conservavam pelo mártir. Aquela voz de silêncio ecoava para lembrá-los a superioridade da vida sobre a morte. No triste cenário, o hindu suplicante confessou que havia matado uma criança. Gandhi lhe perguntou por que e ouviu “vingança” – ato contínuo ao assassinato do filho.  Em desespero, o pai foi aconselhado a adotar um órfão muçulmano – em virtude dos duelos, e a criá-lo como tal. Nesta simples sugestão, sem dogmas autoritários, a criatura desesperada recebeu o consolo que muitos não encontram, e, pela primeira vez, teve contato com a lei do perdão. De que lugar, a não ser o coração de Gandhi, poderia nascer uma idéia tão humana em meio à barbárie?
    A personalidade do ser é indivisível. Por mais que ensine o bem e saiba praticá-lo, os grandes líderes não podem comandar a mente de outras pessoas, mesmo quando se trata de uma estratégia de paz. Uma das piores formas de prostituição está na entrega vil da própria consciência. A palavra dogmática e invasiva entorpece. Gandhi não usaria tal artifício por reconhecê-lo como arma débil e tirânica. A multidão que caminhou, junto a ele, até o mar para produzir sal, agiu por livre escolha. Não havia armas sobre a cabeça de ninguém. Gandhi tinha o corpo franzino e nunca aventou fazer uma revolução paramilitar. As suas conquistas passavam longe da imposição física e bélica. Infelizmente, muitos indianos ainda se encontravam em senzalas ideológicas e não foram capazes de vencer, em definitivo, o fundamentalismo religioso – um nódulo que adoeceu o país e se mostrou um inimigo maior do que o Exército Britânico. Não à toa, Gandhi rogou pela fraternidade, mas o instinto primitivo não permitiu o entendimento realístico das leis de causa e efeito, que regem a vida social. Se os donos da terra matam uns aos outros, é impossível construir uma sociedade igualitária. Por isso, o ultimato pelo triunfo universal da não-violência é cruel demais. Cada geração tem algo a doar. Gandhi, jamais, faria tudo sozinho. Negar-lhe a onipotência, não nos impede de reconhecer que ele conseguiu cobrir a Índia com um manto de paz.
   A terra foi preparada. Os indianos tiveram, entre eles, um exemplo vivo do caminho a seguir; se o ignoram, a culpa não é de quem ensinou. Após a Inglaterra declarar a independência da Índia, Gandhi pediu a união entre hindus e muçulmanos, porque já vislumbrava o caos à espreita. O povo que se unira para vencer o despotismo externo ainda não estava preparado para resolver os seus problemas domésticos. A disputa pelo comando de voz levaria ao derreamento de muito sangue. Ambas as facções almejavam o controle absoluto para tudo poder, e nada respeitar. O sectarismo religioso era a assinatura do retardo sociopolítico – a ferida exposta que explica o motivo de haver fome, miséria, exploração, racismo e xenofobia, até hoje, numa nação de 1,2 bilhões de habitantes que carrega, nas entranhas, a força máxima da não-violência.
   Diferentemente, de homens que defenderam a luta armada, Gandhi manteve-se o tempo inteiro ao lado do povo. Quando os ingleses perceberam a força surpreendente e pacífica que tomava conta da consciência coletiva, propuseram uma mesa de negociações para minar a nascente da revolução. Falharam. As Libras Esterlinas não reluziram nos olhos de Gandhi. Sabia ele: que era a esperança única de uma gente sofrida. Na arena diplomática, o corpo coberto de panos brancos, produzidos artesanalmente, agigantou-se diante das fardas oficiais; de um lado havia uma energia humanitária e do outro, genocidas. Nas tentativas de diálogo, a antítese inglesa desmoronava devido a sua fragilidade moral. Quantos líderes populares foram vencidos pelo próprio ego e passaram a cultuar tudo aquilo que sempre desprezaram? Gandhi, porém, ao atingir o ápice de sua trajetória política, foi até o Paquistão para dizer a hindus e muçulmanos que, segundo as leis naturais, não havia diferença entre eles; o fundo falso da religião escondia o demônio real: o fanatismo. Nos seios do povo e sem escolta, recebeu o tiro de um radical. À beira da morte, sintetizou a verdade intensa do seu legado – pediu aos indianos que perdoassem o homicida que lhe atingira.

O encaixe perfeito de um provérbio: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, eis a demagogia dos pseudos-socialistas.
   Em nenhum capítulo da história, a violência produziu uma sociedade justa, na qual o proletariado não tivesse arrancado de si a dignidade. Nos anos 70, a China, liderada por Deng Xiaoping, intensificou o vermelho da bandeira comunista com o sangue do seu próprio povo.  Neste século, a miséria iguala a base da pirâmide social e sustenta uma elite nababesca. O disfarce político ainda mantém, via discurso, a idéia de dogmas socialistas, que não se confirmam na prática. Há anos, a classe operária sofre com jornadas desumanas de trabalho dentro de uma economia de mercado. Os produtos chineses estão espalhados pelo globo, a preços baixíssimos, sobretudo pela exploração do serviço infantil. Senhora dessa prática, a China se capitaliza e financia a dívida pública dos Estados Unidos por ser a maior detentora dos títulos do Tesouro americano. Quando estudantes foram a Praça da Paz Celestial, em protesto, o Partido Popular, de braços dados ao neoliberalismo, ordenou a execução sumária daquele grupo indefeso, sem direito a falar e a ser visto.
   A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas o que fez no embate da Guerra Fria? Oprimiu, matou e jogou no lixo a oportunidade de levar paz às suas colônias. Enquanto, a humanidade ainda sofria os efeitos do horror nazista, soviéticos e americanos pisavam, juntos, na dor alheia e protagonizavam uma corrida cosmonáutica e nuclear. O projeto não poderia ser melhor: o mundo que sofrera com as câmeras de gás e as armas da Segunda Guerra, realmente, precisava conhecer o espaço e desenvolver a bomba atômica. As superpotências foram cirúrgicas em suas análises. Ampliar a violência física, psicológica e financeira era a terapia essencial para as famílias destroçadas pelo medo.
   Naquele período, Fidel Castro tomou a Ilha de Cuba para assumir o governo central, após derrubar o facínora e ditador, Fulgêncio Batista. Passadas seis décadas, o lendário comunista transformou-se num assassino. A resistência política aos Estados Unidos é válida; país nenhum tem o direito de humilhar o outro; a covardia torna-se ainda mais gritante em face do abismo que separa as duas nações. Se Cuba é, territorialmente, pequena, o governo americano, humanamente, demonstra ser bem menor. O embargo econômico ilustra essa pequenez. Contudo, nada justifica a violência atroz praticada contra o povo cubano, inocentes e verdadeiros heróis da revolução. Ao passo que o comando desfruta as benesses do poder e vive encastelado numa fortaleza, a baixa renda sofre com racionamento de comida. Se o objetivo era promover a divisão de bens, por que Fidel e seus asseclas se excluíram desta lógica? Onde foi parar o senso de justiça? Como explicar aos jovens que seus pais, irmãos e avós foram dizimados no holocausto - promovido pelo regime?
   Pôr fim ao sistema de dominação é impossível através da violência. Todas as doutrinas impostas encontram resistência na mente humana. Seria maravilhoso se o marxismo, em alguma parte, tivesse alcançado a plenitude do bem-estar. Não conseguiu, porque o grau de adiantamento da coletividade pertence ao seu patrimônio moral e intelectual. O conhecimento é aperfeiçoado gradativamente, cumpre etapas e não dá saltos no interior do indivíduo. Se existem personalidades desumanas, egóicas e megalomaníacas, pronto, está criado o maior empecilho para fraternidade. Rússia, China, Coréia do Norte e Cuba sucumbiram perante a tarefa socialista, pois jamais quiseram praticá-la. Os homens que chegaram ao topo revelaram-se verdadeiros ególatras, despreocupados com as chagas sociais. Da boca para fora, a retórica parecia perfeita, mas decididamente, não foi assimilada. Por motivações óbvias, o líder político carrega, a tiracolo, toda a matéria do seu psiquismo. Quem obtém vitórias matando, não abandona a estratégia. O ódio, a vingança e a cólera são muito mais do que uma roupagem. Pertencem ao organismo do ser pensante.  Mao Tse-Tung, Stalin, Lênin, Fidel Castro, Kim Jong Un fracassaram sob o crivo popular por contrariarem a força incontrolável do universo – a natureza. Homicidas, todos eles sujaram suas mãos. Em devaneios, imaginaram que bastava trucidar os dissidentes, e logo, todas as vozes se calariam. Ignoraram que a renovação da sociedade é fundamental; a vida sempre triunfa, e, em dada página da história, o povo se cansa das sangrentas dinastias. Novas gerações surgem, com sede de justiça, para provar que os grandes aliados da face sádica do capitalismo são os falsos revolucionários que desejam mudar a vida, pondo-lhe termo.
   O discurso racional dos governantes esbarra, quase sempre, na passagem da teoria para prática. Quando as promessas desmoronam, é o povo quem suporta a fome, o desemprego e a brutalidade das forças de segurança. O cenário não muda em função do modelo econômico presente na carta magna do país. A privilegiada casta de políticos não desce nenhum degrau para se aproximar dos flagelados. Mantendo uma distância asséptica, comunistas e neoliberais tornam impetráveis, através da mídia, os segredos do aparelho estatal, com a diferença que, no primeiro, há flagrante monopólio, e no segundo, cristalino cartel. Assim, mentiras são repetidas até ganharem aspecto de verdade. Em ambas as diretrizes filosóficas, os meios de comunicação atendem a interesses particulares.

A disseminação do medo pela mídia
   Aos detratores do pacifismo, cujos argumentos dão conta de que a paz só interessa à burguesia por atirar o proletariado em sono letárgico, eis a réplica: o signo mais utilizado pela imprensa é a violência. Desde o princípio, a usina midiática escolheu o sensacionalismo como guia-mestre da linha editorial, dos tablóides populares, na Inglaterra. No século XIX, quando o êxodo rural e as fábricas promoveram o choque entre ex-camponeses e máquinas, o resultado da incipiente relação foi o de mortes coletivas e mutilações. Os jornais aproveitaram-se dessa catarse para estampar, em suas capas, manchetes aterrorizantes que espalharam pânico pelas renovadas metrópoles. Na Era Moderna, o cenário ganhou requintes tecnológicos devido às recentes plataformas de notícia – tabletes, celulares, andróides e smartphones. Modificou-se a forma, entretanto, a essência permanece idêntica: as catástrofes urbanas ainda são prioridades. Todos os dias, a dor alheia torna-se capítulo de novela em busca de audiência; e os direitos humanos viram enfeites desprezíveis sob a ótica do entretenimento e da atividade jornalística.
   A grande imprensa jamais defendeu a não-violência haja vista que ela mesma sempre foi incapaz de praticar algo similar. As chacinas, o tráfico e a corrupção ainda fazem parte do atual estágio da Humanidade; e de maneira alguma, devem ser escamoteados, porém é inconcebível o que se faz: a abjeta exploração, amiga íntima do “politicamente correto”, que preenche os lábios sem deitar raízes na alma. As reportagens investigativas perderam o caráter público, a linguagem adotada, hoje, dissemina o pessimismo e o foco das câmeras, à imagem de um “mundo perdido”.  Quando Gandhi pediu aos indianos que lutassem por seus direitos, sabia, exatamente, que os britânicos desejavam protestos truculentos para revidarem num tom acima, na medida exata de seu arsenal bélico. E a explicação óbvia para comunidade internacional seria: o chavão da “autodefesa”. Com a desobediência pacífica, 100 mil militares não puderam calar 350 milhões de civis. Em ambiente doméstico, o Brasil deveria se servir desse exemplo.  Enquanto, os telespectadores ouvem “vandalismo” o medo encobre a informação ideológica. A um ano das eleições, se o sentido real da não-violência tomar as ruas, o País pára, e os políticos sentirão o peso de uma não-eleição, algo com data marcada, uma lua de mel na qual a esposa desaparece ao descobrir que o marido irá lhe enganar eternamente. Seria a manifestação mais silenciosa da História. A polícia, sem alvos, não poderia invadir casas para levar os eleitores às urnas, e o Congresso Nacional, automaticamente, teria que votar as reformas sociais.

Em resumo: o homem permanece inconsciente
   O racionalismo científico, sozinho, não conseguiu explicar a mente humana. O conceito dos iluministas europeus precisou de novas descobertas para receber a complementação necessária. Entendeu-se que o homem integral deveria ser analisado à luz de sua complexidade, pois uma vez que se excluísse um fator, o diagnóstico ficaria inacabado. Não à toa, foram fundamentais as pesquisas de Sigmund Freud no âmbito da Psicanálise. O gênio percebeu que era impossível enclausurar a potencialidade humana dentro do pragmatismo tecnicista. Na Psicologia Analítica, Carl Gustav Jung atingiu conclusões da mesma natureza. A sabedoria de ambos desbravou o terreno das emoções humanas e deixou uma mensagem profética quanto aos males físicos, oriundos da psique. Com base nos luminares estudos, pensamentos e emoções passaram a ter igual valor para saúde do indivíduo. E nada, nos tempos atuais, desequilibra mais essa balança do que a violência, em seus traços sutis e brutais.
    O homem não é estranho a si mesmo, apenas, na política. A falta de inteligência emocional também invadiu os lares. Muitas famílias são destroçadas por vícios, agressões contra mulheres, estupros e suicídios. Uma sociedade enferma jamais encontrará a cura na violência. Nenhuma guerra ensinou a Humanidade como vencer suas mazelas morais, porque todos os combates representaram o ápice da cobiça, do ódio, da intolerância, da vaidade, do orgulho ferido e de tantos outros anabolizantes do ego.  Cada continente viveu os seus duelos e traz no corpo social os reflexos da agonia; por que repetir a narrativa sangrenta?
    Quando a violência foi capaz de consolar órfãos, paralíticos, cegos, surdos, depressivos, desesperados, suicidas, mães que perderam seus filhos...? O epicentro da questão paira sobre as doutrinas que convencem os radicais a olharem o macrocosmo para esquecerem o microcosmo. As pessoas dizem lutar por ideais, almejam a revolução do sistema, mas abandonam a documentação humana de alegria e dor. Se a aceitação da irmandade entre os povos é uma utopia, o que dirá, então, a conquista da paz precedida pelas guerras?
As crianças nascem no planeta onde existe a fórmula para destruir o agente de todas as coisas: a vida. E essas criaturas inocentes ainda experimentam as agruras da inanição, que contribuem para o infanticídio. Os governantes - que deveriam se dedicar à infância -, enxergam o triunfo na capacidade de destruir. Habitantes de uma natureza, absolutamente generosa, os homens, no período da Guerra Fria, identificaram nas minúsculas partículas atômicas uma rota para caos, e não foram “capazes”, até hoje, de retirar do solo a panacéia, que porá fim ao triste espetáculo da fome. Nessa atmosfera armamentista e desumana, o poder instituído, independentemente do modelo político, aprendeu a massacrar as vozes dissonantes. Todavia, há algo notório a ser aproveitado: quando não houver mais gente para dirigir as máquinas, guardar dinheiro nos bancos, ocupar os prédios, comprar nos shoppings, brincar nos parques, cultivar a terra..., do que valerá a violência? Como bem disse Gandhi, “não há caminhos para paz, a paz é o caminho”.
   Obviamente, o capitalismo espalhou feridas por toda a sociedade. Aceitá-lo feito uma ordem irreversível, seria assinar um atestado de complacência e admitir a sórdida distribuição de riquezas que, antes mesmo dos tempos bíblicos, já produzia magnatas indiferentes à miséria da maioria. A corrida pelo lucro, sem qualquer preocupação moral, balizou as atividades mercantis das monarquias européias, em diferentes épocas, e regularizou, sob o crivo do etnocentrismo, a prática inumana da escravidão. Se a evolução existe, e logo, é comprovada pelo aperfeiçoamento da inteligência humana nos campos científico, filosófico e artístico, era de se esperar que surgisse um manifesto como o tecido por Karl Marx e Friedrich Engels. A aflição, por maior que seja o esforço para escondê-la, uma hora vem à tona, porque há um magnetismo entre a multidão. O verbo marxista materializou um anseio popular e conferiu aos operários uma tábua que os organizasse. Da mesma forma que o capital poderia invadir a linha da pobreza e extirpá-la, a luta de classes deveria produzir efeitos benéficos nos países em que se instalou. Porém, o bom ou mau emprego dos instrumentos está condicionado à sabedoria de quem os manuseia. Por escolha dos homens, o dinheiro ainda motiva guerras, especulações imobiliárias, esquemas bancários, facções criminosas e o abismo entre o topo e a base da pirâmide social; enquanto, o levante das massas se tornou uma alegoria perdida na sua própria hipocrisia.
    A vitória real do socialismo virá no dia em que a igualdade de direitos e oportunidades for praticada, individualmente, também por aqueles que a defendem; ou seja, quando os líderes, em destaque, submeterem-se às mesmas leis que os demais, sem regalias. O pobre sente falta do hospital público, do qual o rico não faz questão alguma. O motivo? As pessoas só gritam em defesa de seus interesses. E esse fato se reproduz, normalmente, nas repúblicas ditatoriais e nas pretensas democracias. O guia içado ao poder esquece o compromisso de renúncia firmado perante as massas, e, de uma única vez, transforma-se em mártir político, estadista emérito, prócer da diplomacia, brilhante orador..., e mesmo que não consiga dominar 1% dessas qualidades, somente as críticas o incomodam, pois o exame de consciência foi, devidamente, substituído pelo culto à própria imagem.
    O fato de o capitalismo ser a matriz econômica do mundo é reflexo da realidade psíquica que a sociedade vibra. Não foi o capital que fez o homem, pelo contrário: foi o homem quem fez o capital.  Se o consumismo dá a alguns o supérfluo e retira de muitos o primordial, não é a mudança de sistema, por vias intempestivas, que resolverá essa questão. Como em nenhuma outra época, a brutalidade tem sido uma força que o ser aplica contra si mesmo. Se não bastasse a destruição dos sítios naturais, o homem bombardeia o seu corpo e descobre novas doenças, como a síndrome do pânico, a bipolaridade, os transtornos obsessivos..., patologias que chegam cada vez mais cedo, atingem até as crianças e pioram, sensivelmente, a qualidade de vida.
   Que tipo de violência pode resolver essa crise numa época de armas químicas e teleguiadas? Seria prudente que o povo abandonasse os salvadores da pátria que vendem facilidades, o fundamentalismo de qualquer ordem e procurasse os andarilhos notáveis e anônimos que entenderam a necessidade de se doar ao próximo. Pensa-se muito em coerção, combate a impunidade, assinatura de protocolos, normas rígidas e renega-se a fonte natural dos problemas: as relações pessoais, das quais ninguém pode escapar. A causa dessa deterioração não é misteriosa ou o imprevisto de um Big Bang. As ideologias monolíticas estão em processo de falência; fracassaram ao tentar desmembrar o homo sapiens, arrancando-lhe o amor e a caridade para jogá-lo no poço do materialismo político e, pasmem, religioso, como se a compaixão fosse uma fantasia. Nessa perspectiva, renova-se o sistema, mas os homens permanecem os mesmos... Então, nada mudará. 

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