sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Os dramas modernos e a cura bi-milenar

    Existe um vazio existencial no imo das criaturas que a medicina dos consultórios e hospitais não consegue curar. Imersa nesse problema insondável pela ótica materialista, a sociedade observa, letárgica, as lágrimas provocadas por atitudes malsãs, e os governos, ao passo que privam a população dos seus direitos mais humanos, criam planos econômicos para dar liquidez ao mercado financeiro, mas ignoram o luto que se propaga – criando vítimas e inconsoláveis - em virtude do ódio lavrado por facções clandestinas e partidárias, hábeis em contaminar as superestruturas de poder com o bacilo da ganância. 

   Numa relação libidinosa com o dinheiro, a pedagogia familiar, por sua vez, incute no veículo emocional das crianças a prática da competição voraz, que extrapola as brincadeiras pueris e denigre a oportunidade – oferecida pela infância, de abrir os olhos da alma recém-chegada às paragens terrenas, para a necessidade urgente do amor. Desiludidos com a humanidade, da qual fazem parte, os pais aceleram o “envelhecimento” dos pequenos, encurtando-lhes a meninice, em nome de uma esperteza; comumente, egoísta, insensível, invejosa e maledicente – cópia fiel dos adultos, abitolados nas paranóias que escolheram para lhes adoecer. É triste ver os jovens afeitos às “amizades” por interesses, a exemplo dos seus instrutores domésticos, e, tão cedo, donos de índoles explosivas, inquietas, rancorosas, violentas, débeis..., sempre indiferentes a dor humana.  

  Neste dias, estive numa área paupérrima da Baixada Fluminense e pude constatar, além da subnutrição infantil, dos olhos fundos, das barrigas inchadas e das costelas à mostra, o drama da depressão roendo os nervos dos adultos. Há um número considerável de pessoas vivendo escravizadas por tranqüilizantes, sem poderem abrir mão dos comprimidos alopáticos, prescritos nas filas dos hospitais públicos. O pobre, afastado por questões financeiras dos conceituados psicanalistas, descobre-se enfermiço através de crises angustiantes, somente, amainadas por fortes sedativos, que obscurecem a mente, afetam os órgãos físicos e impregnam de miasmas o perispírito.

   Alguns se rendem, definitivamente, a tirania das tarjas pretas, outros recorrem às drogas alucinógenas e ao veneno do álcool. Por conseguinte, o corpo, já debilitado pelos bombardeios químicos do sistema nervoso, é obrigado a enfrentar em sua frágil tessitura as investidas dos inimigos externos, que se apoderam da mente combalida. Quais são as causas desse quadro clínico responsável pela maior parte das moléstias modernas?

  Reflexivo, imaginei recorrer à psicologia hodierna, contudo, imediatamente, desisti. Lembrei-me da magnífica obra do espírito Ramatís. Então, percorri as páginas do “Sublime Peregrino”, livro que retrata, com profundeza de detalhes, o reinado messiânico de Jesus na terra. Segundo o nobre instrutor astral, o Evangelho do Cristo é a fonte inesgotável de benesses, cujas almas, em provas e expiações, devem haurir forças para cumprir a tarefa redentora da experiência carnal.

   Longe da maturidade psicológica, associamos a dor ao sofrimento e, por diversas vezes, entramos no perigoso solo do desespero, impregnados de energias tóxicas que impedem o fluxo dos delicados raios de luz. Porém, não devemos esquecer, jamais, o que Jesus nos disse: “Eu venci o mundo”. Venceu porque comprimiu o Seu espírito angelical para adaptá-lo à matéria, caminhou, humildemente, entre os filhos de Deus e pôs-se a ensiná-los o código primoroso, narrado nos textos apostólicos.

   Conforme, afirma Ramatís: Jesus é um anjo que, há 2 milênios, dobrou as asas resplandecentes do seu conhecimento sideral para trazer aos homens o caminho da libertação. Os povos daquela época, anterior ao advento do Cristianismo, tinham como base moral a Lei de Talião, cuja sentença famosa diz – “olho por olho, dente por dente”. Todavia, o Doce Rabi, em seu enlevado amor, condenou o caráter justiceiro, que banha a terra com sangue, e aconselhou ao humilde Mateus: “perdoai setenta vezes sete”. Quantas desavenças funestas e perturbadoras poderiam ser extintas se o homem praticasse a misericórdia?

   A última rodada do Campeonato Brasileiro reservou ao mundo cenas da mais pura barbárie, cometida por fanáticos que desconhecem os sentimentos de temperança, brandura, mansuetude e pacifismo. Por quê? Existe uma cultura que fala, prioritariamente, ao ego e exacerba as paixões mundanas, como se a vida estivesse por um triz. Poucas pessoas observam os lírios do campo e as aves do céu. Deixam-se saturar pelos densos fluídos da cobiça e desejam influir no destino alheio, sendo que nem a si mesmo, elas conseguem dominar.

  Ramatís, ilustre filósofo de Alexandria, foi perfeito quando disse que nenhuma lei exterior modificará o homem, apenas, o esforço íntimo para se auto-transformar pode sensibilizar o indivíduo vicioso. Psicólogo Celestial, Jesus comprovou tal realidade ao nos deixar, em lindas parábolas e predigas, o Evangelho, cujas palavras batem as portas do coração, pedem passagem para entrar e derramar o lenitivo, sem-igual, capaz de vencer as mais dilacerantes depressões. Enquanto, o credo religioso insiste numa “salvação” externa, vinda dos céus, que nos exige, tão-somente, o verniz da aparência, o nosso Irmão Maior repete a lei imutável do Universo: “a cada um será dado segundo as suas obras”.

   O Evangelho é uma luz do cosmo, que se espraiou sobre a terra, e nele há incomensurável amor, pois sem amor não há harmonia e sem harmonia nem mesmo as estrelas se poriam, organizadas, na abóboda celeste. Se nós, humanos, observarmos os sinais da natureza, buscaremos o compromisso intransferível da auto-redenção.  

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