sábado, 25 de janeiro de 2014

Um reflexo de Exu

“Não julgo, nem ameaço. Jamais me ponho acima da lei, porque dela não sou juiz, apenas, um executor. Se obténs favores a base de trocas, saibas bem que não sou eu quem os faço. Pensas que pode falar comigo em tom de cobrança, ledo engano, meus compadres e comadres. Não aceito ordens de qualquer um e muito menos bato cabeça onde não há firmeza de propósitos. Conheço às sombras, é verdade, porém não sou de lá. Faço viagens. Sou um pescador de almas arrependidas. No fundo, um socorrista do astral. Desço ao lodo, sem me sujar. Engano os soberbos nas encruzilhadas, dou voltas ao mundo, pois o movimento não pode parar. Dizem por ai que não tenho luz: que vontade de gargalhar! Nas estradas, sou amigo de Ogum; na calunga, companheiro de Omulu. Venço demandas e realizo curas. Como já disse, não me curvo às exigências dos encarnados. Conheço a reta justiça e seria tolice se eu quisesse distorcê-la. Sei bem as conseqüências que isso implica. Às vezes, o castigo vem a cavalo, noutras demora, quase, uma vida, mas é sempre chegada a hora. Deus não pune, porque nEle só há amor, no entanto, tu és filho das tuas próprias obras. Penses bem. Reflitas antes de pedir ou fazer e não digas jamais que “ tem Exu”: eu não sou propriedade de ninguém. Num piscar de olhos desapareço,  digo que vou e fico, confirmo que fiz..., e nada feito. Firma a tua cabeça e risca o meu ponto. Quero ver se podes adivinhar. Duvido, meu filho, que vás acertar. As coisas não funcionam assim. O meu garfo só manipula quem tem méritos aos olhos de Oxalá. Desde a África, Exu é Orixá. O sopro da vida. E na sua nação: Exu é mojubá".



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