“Não julgo, nem ameaço.
Jamais me ponho acima da lei, porque dela não sou juiz, apenas, um executor.
Se obténs favores a base de trocas, saibas bem que não sou eu quem os faço.
Pensas que pode falar comigo em tom de cobrança, ledo engano, meus compadres e
comadres. Não aceito ordens de qualquer um e muito menos bato cabeça onde não
há firmeza de propósitos. Conheço às sombras, é verdade, porém não sou de lá.
Faço viagens. Sou um pescador de almas arrependidas. No fundo, um socorrista do astral.
Desço ao lodo, sem me sujar. Engano os soberbos nas encruzilhadas, dou voltas
ao mundo, pois o movimento não pode parar. Dizem por ai que não tenho luz: que
vontade de gargalhar! Nas estradas, sou amigo de Ogum; na calunga, companheiro
de Omulu. Venço demandas e realizo curas. Como já disse, não me curvo às
exigências dos encarnados. Conheço a reta justiça e seria tolice se eu quisesse
distorcê-la. Sei bem as conseqüências que isso implica. Às vezes, o castigo vem
a cavalo, noutras demora, quase, uma vida, mas é sempre chegada a hora. Deus
não pune, porque nEle só há amor, no entanto, tu és filho das tuas próprias
obras. Penses bem. Reflitas antes de pedir ou fazer e não digas jamais que “
tem Exu”: eu não sou propriedade de ninguém. Num piscar de olhos desapareço, digo que vou e fico, confirmo que fiz..., e nada
feito. Firma a tua cabeça e risca o meu ponto. Quero ver se podes adivinhar.
Duvido, meu filho, que vás acertar. As coisas não funcionam assim. O meu garfo só
manipula quem tem méritos aos olhos de Oxalá. Desde a África, Exu é Orixá. O sopro
da vida. E na sua nação: Exu é mojubá".
Nenhum comentário:
Postar um comentário