Quando escrevo, sinto o
frescor da brisa que passa murmurando melodias silenciosas no meu espírito. São
as notas musicais, cujos impulsos vindos do céu espalham esperança por toda
terra. Perdoa-me, Senhor, pelos dias em que não ouvi a Tua voz. Agora,
sublimado pela inspiração que desce e me arrebata, declaro essas singelas
letras, para exaltar-Te de onde estou. Mesmo sozinho, sinto como se não mais
estivesse, pois a tímida canção ganha corpo e, já em êxtase, consigo ouvir a orquestra
que me cerca. Obrigado, Majestade de todos os reinos! As Tuas criaturas cantam!
E o clarim dos anjos anuncia que a vida triunfa; então, esqueço-me, completamente,
da ilusória valsa da morte e percebo que Tu compuseste a marcha imortal.
Fecho os olhos; a
canção me guia; converso com o Maestro da eternidade. Nestes instantes, além do
tempo, viajo nas nuvens de sonhos e assisto a multidão que habita o planeta.
Reconheço, em cada um dos seres, notas da Sinfonia Universal. É impressionante:
há espaço para todos. De passagem, aplaudo o batuque das nações africanas; a
harmonia dos mantras hindus; os cânticos das igrejas, os louvores das mesquitas
e sinagogas... Quantas belezas! E percebo que na perda de uma só delas o Todo
desafinaria. No despertar da viagem onírica, ouço minha alma suspirar de
felicidade: “Meus... irmãos!”.
Nota
Numa perspectiva universalista e fraterna, respeito todas as formas de culto e manifestações religiosas, vindas de qualquer parte do globo. A humanidade é uma só, e cada homem procura a forma que melhor se adapta ao seu estado de consciência. As águas percorrem caminhos diferentes, mas se reencontram no mesmo oceano.
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