sexta-feira, 28 de março de 2014

Quando o homem chora, ele volta a ser menino

        Triste realidade. Milhares de rostos, e nenhuma lágrima sincera. Muitos homens não se emocionam mais. Perderam o elo da infância. Tornaram-se adultos irremediáveis. Melancólicas criaturas, engolidas pela rotina que cansa e adoece. A humanidade não entende as metáforas. Leva tudo ao pé da letra. Quando alguém diz que ela tem asas, pede logo para voar. Perdemos a dimensão do invisível. Abandonamos a utopia, e a existência se tornou amarga. Sobram máquinas, falta arte. Engessaram o cotidiano. O espírito ganhou a dimensão de coisa. As energias estão aprisionadas. O ego grita, o amor sucumbe e o máximo que conseguimos é ter pena do outro. Compaixão, há tempos, é artigo raro. As pessoas só pensam, remoem idéias... Sentir mesmo, apenas, no bolso. O coração foi abandonado. E se ele não é ouvido, as lágrimas secam. O homem se recusa a chorar. Não o choro de cinema, mas o da vida. Aquele que remete a saudade, capaz de tocar as cicatrizes e aliviar o peito. 

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