Sentado, em baixo de uma gigantesca árvore, cansado pelas desilusões do dia, roguei aos céus um milagre, capaz de levar embora as minhas dores. Muito triste, fiz comovida oração. Passaram-se duas semanas, e o fato extraordinário, reiterado nas rogativas, não aconteceu. Retornei ao mesmo lugar para, novamente, refletir. Refiz a prece, certo de que, “agora”, o meu problema seria resolvido. Mais quinze dias no relógio do tempo... E nada mudou. Aflito, fui recebido, outra vez, pelas copas majestosas. Recostei-me em seu tronco e, exaurido, dormi. Viajei nas asas dos sonhos, e fui parar no sopé de uma montanha, onde uma ilustre alma me apontou o universo infinito. Não a compreendi. Vendo a necessidade da linguagem articulada, o irmão – em cândida explanação – inquiriu-me: “quantos, na Terra, gostariam de ter uma sombra para descansar, e não a tem. O milagre é você refugiar-se sob os auspícios de uma árvore, na imensidão de um planeta que gira no final da Via Láctea. O que exige da Criação além disso?”
Quedei a cabeça em ato de vergonha. A caridade me consolou... O ensinamento não tinha o aspecto de reprimenda. Era fonte de água viva, que serena e refaz as forças. Aceitei aquelas palavras humildes ao reconhecer o nanismo das minhas atitudes perante aquele espírito excelso, cuja experiência na seara do Mestre já rendia frutos de bem-aventurança; enquanto eu ainda não havia aprendido a semear virtudes imperecíveis e vacilava como aprendiz do amor. Só assim, compreendi que toda forma de mágoa e imposição à Divindade é objeto estranho na intimidade do coração.
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