quarta-feira, 6 de julho de 2016

A grandeza de João


Entre todos os apóstolos do Cristo, João foi o único que não sucumbiu, na vida física, diante das dores do martírio. Sem a beleza da jovialidade que lhe caracterizava nas primeiras horas do Cristianismo sobre a terra, o discípulo transformou-se num ancião venerável portador de indelével beleza dos sentimentos.

Ao seguir a recomendação do Mestre bem-aventurado aos pés da cruz, o poeta - dono do mais espiritual de todos os evangelhos – uniu-se, parasempre, ao coração magnânimo e amoroso de Maria a fim de iniciar, no divino silêncio de Deus, o fundamental trabalho de divulgação da Boa Nova na Igreja de Éfeso, na Grécia. De estrutura modesta, o pequeno templo não se destacava pelas pompas exteriores, mas pela grandeza de duas almas que se converteram em fiéis servidoras da vontade celeste: tomando a própria cruz pelos braços e diminuindo-se, em atitude humilde, para que a Luz do Mundo, em seus espíritos, pudesse crescer. Santas consolações foram espalhadas. Corações alquebrados pelas amarguras vividas reacenderam de esperança ao sentirem, na intimidade, os clarões de um novo reino que nasce dentro de cada um.

Após o serviço incansável, conta a tradição oral dos mensageiros e peregrinos do amor que João, uma vez aprisionado na ilha grega de Patmos, repetia em suas singelas preleções: "queridos, amai-vos!". Certa vez, incomodados com a obstinação serena do discípulo bem-amado, os carcereiros da masmorra o perguntaram:

– Você não cansa de repetir sempre as mesmas palavras?
João, que já trazia nos olhos "a candeia viva", contemplou a paisagem soberana do Mediterrâneo e, fazendo brilhar a sua luz, respondeu mansamente:

– Quando vocês tiverem aprendido esta lição, eu passo para a próxima.

E disseram os testemunhos que o acompanharam nos instantes derradeiros daquela sua passagem pelo orbe terreno: o apóstolo despediu-se dizendo – "meus filhinhos, amai-vos uns aos outros!"

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